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FALANDO DE HOSPITALIDADE com Roberto Gracioso

 

COLUNA HOSPITALIDADE‏

Autor: Roberto Gracioso                                                                                   16/11/2015

Nesta semana estreamos esta coluna no portal Turismo em Pauta, por convite da brilhante jornalista e querida amiga, Rita Minami.

O objetivo desta coluna é refletirmos sobre vários temas presentes na hospitalidade, no turismo e nos segmentos correlatos, compartilhando narrativas e histórias de vários casos, alguns simples, outros mais complexos, enriquecendo o repertório dos amigos, profissionais da área.

Iniciamos, portanto, com a definição do nosso tema; Hospitalidade. Conforme define o dicionário Michaelis, o termo hospitalidade origina do radical latino hospes derivando a palavra hospitalitate, cuja melhor definição é; o bom acolhimento dispensado a alguém. Na Roma antiga, o “cubiculumhospitalem” era o que hoje equivale ao quarto de hóspedes.

Derivado do mesmo radical, temos também a palavra “hospital”, e que na acepção da palavra; acolhimento de pacientes, termo também originário do latim patientem(aquele que sofre ou padece), tratando-os de forma a curá-los,prestando-lhes os serviços de hospitalidade acrescidos de serviços médicos.

A partir da necessidade do homem de deslocar-se para outras cidades, surgiram as hospedarias, que eram locais destinados ao descanso e restauração. Enquanto os nobres e burgueses eram recebidos em casas de famílias da mesma “casta”, os viajantes de menores posses alojavam-se nas hospedarias, estabelecimentos mais simples, mas que supriam as suas necessidades.

Talvez o mais antigo e mais verdadeiro exemplo de hospitalidade é o descrito na parábola de Jesus Cristo – OBom Samaritano. Descrita no Evangelho de Lucas, no Novo Testamento (Lucas 10, 30-36), o texto relata um homem atacado por salteadores ao longo de seu caminho para Jericó. Enquanto um sacerdote e um levita ignoraram sua agonia, o samaritano o acolheu, atou-lhe as feridas e, pondo-o sobre o animal, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No outro dia, o mesmo samaritano pagou pela hospedagem e recomendou que fosse cuidado do homem o quanto necessário, com a promessa de pagamento do que custasse quando de sua volta.

O que mais chama a atenção neste fragmento majestoso da Bíblia é o ato de compaixão – assumir a mesma paixão pelo outro – o samaritano sentiu no coração a necessidade de amparar, bem servir, satisfazer uma pessoa, ainda que fosse um estranho, colocando em primeiro plano a necessidade de outrem, em detrimento de sua própria. Esta é a essência da hospitalidade, do bom acolhimento dispensado a alguém (caput).

E hoje, como está o conceito da hospitalidade?

A hospitalidade, na essência, deve ser uma aplicação cotidiana.

É comum incorrermos no erro de achar que a hospitalidade só é aplicada nos Hotéis, Restaurantes, Companhias Aéreas e empresas relacionadas ao turismo e lazer. Estas, por condição histórica, são bons exemplos de excelência, pelo primor e requinte que outrora permearam os serviços prestados.

Mas, a hospitalidade deve ser um exercício diário.

Quem já não entrou em um supermercado, loja ou qualquer outro estabelecimento e sentiu um tratamento indiferente, frio ou no padrão mínimo exequível?Pois então, qual é a chance de voltarmos neste local? Tão mínima quanto o atendimento prestado. Ao passo de que, onde somos bem tratados, com hospitalidade, tendemos naturalmente a voltar.

Falando, portanto, de hotéis e cias aéreas damos conta que muitas coisas mudaram ao longo dos anos. O barateamento da mão de obra, a guerra tarifária, o aumento das despesas e outros fatores forçaram estas empresas a simplificar serviços e procedimentos, levando aos patamares mínimos a excelência de outrora. Desta forma, o nível básico dos serviços, muitas vezes a falta de treinamento e preparo dos profissionais, a velocidade no atendimento e outros fatores fizeram com que os conceitos de hospitalidade fossemesquecidos ou, no mínimo, não mais praticados. Mas este é assunto para outro capítulo.