Passeio poético no Bairro de Santo amaro, em São Paulo
Foi com o desejo de conhecer o bairro, descobrir sua história, sua arquitetura e seu dia-a-dia que fizemos o passeio pelo distrito de Santo Amaro, em São Paulo, seguindo nossas organizadoras do evento, a guia de turismo Vera Lúcia Dias,e a poetisa Valdyce Ribeiro.
“ A proposta do passeio poético no bairro é a de conhecer um pouco da história e particularidades de um determinado local. O primeiro bairro escolhido foi Santo Amaro, o próximo será realizado em outro local a ser determinado” disse Valdyce Ribeiro, uma das organizadoras do passeio poético.
Passeio, com paradas para leitura e interpretação de poemas, espaço também para ouvir pequenos relatos cheios de surpresas e curiosidades.
Estávamos emocionados com a chegada da Primavera! Entusiasmados com o olhar poético e acompanhados de um grande conhecedor de Turismo, professor Vanderley Scalize, que nos deu a honra de sua presença.
Então vamos lá!
Localizado na Zona Centro Sul do Município de São Paulo, Santo amaro já foi um município independente.
Surpreso? Pois saiba que foi incorporado à cidade Paulistana somente em 1935.
Começamos nosso passeio pela Catedral de Santo Amaro,fundada em 1924. Confesso que não a conhecia – um encanto! Tombado pelo Patrimônio Histórico, foi fundada em 1924. E agora está ali, no coração do centro comercial!
Inspirada pela sua beleza, foi neste local que declamei um poema da nossa poeta paulistana Valdyce Ribeiro. Ao lado, avistávamos um jardim, cultivado com flor africana, que a inspirou no poema Estrelícia! ” Flor em forma de ave….”
https://www.facebook.com/dycepoesias/videos/1376465752483474/?t=9
Continuamos nosso passeio na avenida movimentada, com muitos ônibus, barulho, mas nossos corações estavam envolvidos na bela chegada da primavera…e ouvíamos falar da influência dos alemães, árabes e outros imigrantes do local.
Que bom saber que o bairro teve um ilustre convidado: Dom Pedro II!Foi ele que inaugurou a linha férrea de São Paulo a Santo Amaro, isso tudo em 1886!
A sensível condutora chamou nossa atenção para a beleza da Sapopemba, na lingua tupi – raiz para fora ! Então, parada para foto! Lembramos que no dia anterior havíamos comemorado o dia da árvore, já não tão valorizado em época de tanta correria e tecnologia!
Na pracinha, já quase esquecida pelo poder público, sentamos para ouvir mais um poema – “Quando vieres…. venhas sempre um dia antes, porque serei feliz com antecedência….Quando vieres, venhas simplesmente porque é assim que te espero!” de Valdyce Ribeiro.
E assim continuamos atentos às histórias contadas por Vera Lucia Dias,como a do popular Bento do Portão.
Eis que avistamos o imponente e tradicional teatro Paulo Eiró, entramos para conhecê lo, depois de reformado, agora sob cuidados da Prefeitura e do Grupo Tapa de Teatro. Fiquei feliz com esta notícia, afinal é um dos melhores grupos teatrais de São Paulo, referência em montagens clássicas e textos importantes.
Paramos para apreciarmos a beleza do grande painel de Julio Guerra, feito para o intelectual Paulo Eiró.
E vieram histórias sobre Adolpho Pinheiro, nome da rua onde fica o teatro, além do próprio Paulo Eiró, um poeta e dramaturgo que viveu em Santo Amaro entre 1836 e 1871.Nossa guia destacou que Eiró foi um precursor de ideias abolicionistas e republicanas. Porém no amor não teve sorte ” Das tantas tentativas em impressionar sua musa, nada adiantou, pois ao voltar de uma de suas viagens, presencia sem querer a celebração de casamento da musa platônica. A partir desse fato, foi que Paulo sucumbiu à falta de lucidez e sua sanidade!” Ah! O amor! Como gostaríamos de ouvir um final feliz!
Voltamos à realidade dos dias atuais, caminhando de volta para o Largo 13, que reúne barraquinhas e lojas de roupas, sapatos e cosméticos, passando pela Santa Casa local, em seguida fotografamos o coreto da praça Floriano Peixoto, certos de que gostaríamos, de ver realizado o sonho da nossa guia Vera:”..Que um dia todos os coretos da cidade fossem ocupados pela música!
Chegamos ao shopping Largo Treze, inaugurado em 2010, fomos direto para a Livraria Nobel, a fim de comemorarmos nosso encontro de histórias e poemas.
Já no momento de despedidas do passeio, uma simpática mulher do grupo se aproximou, ela havia adquirido dois livros de poesia de Valdyce. Eu imediatamente me prontifiquei “Quero declamar um poema da Valdyce só para você” Mas quase nem consegui terminar o poema dedicado à Rosa Branca – me encantando com sua comoção e olhos lacrimejados.
Os versos finais, engasgados em mim, terminavam assim: ” Se não fosses para viver neste poema, eu teria me arrependido de trazer te para casa, tão distante da roseira, pequena Rosa Branca”
E entreguei o pequeno botão de rosa à doce Gislaine Kizys!
Sim, valeu a pena, esta foi a conclusão daquela que despertou nosso olhar poético! Porque só mesmo uma poetisa pode perceber que a poesia está em todos os lugares!
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