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Exposição ‘Nos Braços do Violeiro’, que reúne HQ, viola e arte contemporânea, prossegue até dia 21/09

Mostra do desenhista e músico Yuri Garfunkel, com curadoria de João Carlos Villela, pode ser visitada aos sábados e domingos, das 10 às 18h, no Instituto Elpídio dos Santos

Exposição “Nos Braços do Violeiro” do desenhista e músico Yuri Garfunkel, com curadoria de João Carlos Villela, prossegue até o dia 21 de setembro no Instituto Elpídio dos Santos, em São Luiz do Paraitinga. Na mostra, o público tem a oportunidade de apreciar as páginas originais da HQ “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos”, um romance gráfico inspirado em mais de 80 canções do repertório caipira, com roteiro e artes visuais de Garfunkel. A entrada é gratuita e a visitação acontece aos sábados e domingos, das 10 às 18h.

A estreia da exposição foi dia 31/08, integrando a programação da 19ª Semana Elpídio dos Santos, com uma roda de viola muito especial comanda pelos músicos Yuri Garfunkel e Lula Fidalgo e com participações de renomados violeiros, como: Joffre Capucho, Moreno Overá, Julio José e a Orquestra  de Violas Rio Abaixo – Mestre Jorge Charleaux. O repertório foi repleto de homenagens ao maestro Elpídio. 

Maria Regina dos Santos, filha de Elpídio dos Santos e presidente do Instituto,  conta sobre o interesse da exposição Nos Braços do Violeiro. “Especialmente porque o conteúdo tem muita aderência com a obra de meu pai e ainda agregava essa parte gráfica que a exposição traz. Então, de pronto, eu já achei bastante interessante, junto com o restante da equipe do Instituto, nós embarcamos nessa ideia”, declara.

Sobre a estreia da mostra com o evento com participações especiais com a roda de conversa e viola ela avalia como maravilhosa. “Primeiro pela qualidade da exposição, do trabalho do Yuri e do Lula. Depois pela forma com que eles envolveram as pessoas da cidade, os outros violeiros, e nós também, do Instituto, agregamos ideias. Foi um congraçamento de violeiros com participação da população da cidade que se interessou e prestigiou. Considero que essa roda de conversa foi um grande sucesso pelos causos, pela interação, pelo interesse do público e pela qualidade do trabalho apresentado”, declara.

Para Garfunkel, a oportunidade de apresentar a exposição e promover uma roda de viola no Instituto Elpídio foi muito especial. “Por ser uma casa histórica, numa cidade histórica onde a memória do Elpídio é muito. Ter a presença de toda a família acompanhando, interessada, cantando com a gente, foi muito emocionante. Também tem o fato de estar com os moradores da cidade, um lugar onde a cultura é muito viva e há um interesse grande por cultura popular. Então estarmos inserido nesse contexto foi muito importante num evento especialíssimo, que foi a Semana do Elpídeo com outras atrações, numa conjuntura que deixa explícita a importância do Elpídeo, um nome a ser lembrado sempre”, afirma Garfunkel.

Encerramento da circulação

Contemplada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC Circulação), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a mostra promove a interação do público com os processos criativos do artista. Está circulando desde fevereiro deste ano por 6 cidades: Casa Lebre (Bragança Paulista); Museu do Folclore (São José dos Campos), Centro Cultural Casarão – Festival Viola da Terra (Campinas), Museu Magma (Botucatu) e Centro Max Feffer (Pardinho). Em São Luiz do Paraitinga, a visitação gratuita poderá ser feita até dia 21/09.  “Para nós é uma alegria encerrar a circulação em uma cidade tão especial como São Luiz do Paraitinga, marcada pela riqueza musical e por ser considerada o último reduto caipira a norte do Estado”, afirma Garfunkel.

Encontro entre artistas

Os idealizadores contam que a proposta de montar a exposição “Nos Braços do Violeiro” surgiu durante a pandemia de COVID-19. Em outubro de 2021, a mostra foi apresentada na A7MA Galeria, na Vila Madalena, em São Paulo, com a realização de bate-papo com o curador e convidados como Xênia França, Lucas Cirillo, Shell Osmo e Renato Shimmi e roda de viola com a participação da cantora e violeira Adriana Farias e dos violeiros Gerson Curió e Inimar dos Reis. Em junho de 2022, integrou a Mostra ‘No Braço da Viola’ no Teatro do Sesc Rio Preto. Na ocasião, Yuri Garfunkel apresentou-se ao lado de grandes nomes da viola contemporânea e ministrou oficinas de criação de HQ a partir de modas de viola. 

Desde então, ‘Nos Braços do Violeiro’ tem promovido uma série de encontros entre artistas e criadores de diferentes linguagens, relacionados à cultura caipira, como os violeiros/violonistas/compositores Tião Mineiro, Quinzinho Viola, Mel Moraes, Marina Ebbecke, Miriam Violera, Levi Ramiro, Jean Garfunkel, Rafael Schimidt, João Arruda, Fábio Miranda, Gabriel Souza, Camargo Rodí, Rafael Cardoso & Aniela Rovani, do Duo Música de Interior, Osni Ribeiro, Arnaldo Silva, Karoline Violeira, Wilson Teixeira, Joffre Capucho, Moreno Overá, Julio José e a Orquestra  de Violas Rio Abaixo – Mestre Jorge Charleaux ; o chargista Carlos Ruas, os artistas visuais Zé Otávio, Bárbara Ipê e Camilo Solano, o roteirista Rogério Faria, os cineastas Mário de Almeida e Beatriz Seigner e o jornalista Sérgio Santa Rosa.

Na exposição, o visitante poderá apreciar o instrumento inspirado na viola vermelha de Tião Carreiro e encomendada ao Luiz Armando, da Luthieria Trevo, exclusivamente para este projeto, e até montar sua própria história em um quadro interativo. 

Universo da música caipira e artes visuais

Premiada pelo (ProAC)  em 2019 e com introdução escrita pelo violeiro, professor e pesquisador Ivan Vilela, a HQ “A Viola Encarnada: Moda de Viola em Quadrinhos” foi indicada ao prêmio HQ MIX na categoria Melhor Adaptação em 2020. Nos próximos meses será lançada a 2ª edição da HQ ‘A Viola Encarnada’, toda revisada e aprimorada, pela Z Edições. O leitor também terá acesso aos QR Codes para acessar as músicas abordadas no livro. 

Garfunkel conta que a ideia inicial da Viola Encarnada era traduzir o universo da música caipira para a linguagem dos quadrinhos e das artes visuais. “Criar um ponto de vista para diálogos contemporâneos com a nossa cultura. A circulação da exposição concretizou essa vontade. Tem sido um grande encontro de pessoas interessadas em participar desse diálogo”, declara Yuri. Desta forma, além do contato com os originais da obra e seus esboços originais, o visitante da exposição “Nos Braços do Violeiro” terá acesso à viola física que foi inspirada na viola vermelha de Tião Carreiro e encomendada ao Luiz Armando, da Luthieria Trevo, exclusivamente para este projeto. 

Recursos de acessibilidade

Para propiciar uma imersão na HQ como um todo, a exposição disponibiliza áudios das mais de 80 músicas do repertório caipira. O material possui recursos de acessibilidade como audiodescrição, textos em braile e em alguns dos encontros promovidos com o público, como rodas de viola e bate-papo, terão tradução em Libras.

Por ser uma exposição multidisciplinar sobre um instrumento singular que marca a nossa história musical, um dos objetivos dos idealizadores é compartilhar o conteúdo com um público diverso, inclusive estudantesuniversitários e grupos de idosos e outros interessados. “Essa é uma exposição que mescla Arte Contemporânea, História em Quadrinhos e Música Caipira, por isso a intenção em cada uma das 6 cidades por onde passamos é dialogar, trocar e aprender com os agentes locais de cada um desses campos”, explica João Carlos Villela.

 “A Viola Encarnada”

Em suas páginas, a obra “A Viola Encarnada’ conduz o leitor para uma viagem sonora afinada e cheia de história, a partir de uma viola avermelhada nas mãos de um violeiro e de um vaqueiro, numa jornada que percorre os sertões até chegar na cidade grande, testemunhando a história da música caipira desde suas origens rurais.  Yuri Garfunkel detalha que a ideia da HQ se formou ao longo de muitos anos ouvindo música caipira. 

De modo geral, e no gênero Moda de Viola principalmente, ele explica que as canções descrevem narrativas tão intensas que muitas músicas inspiraram filmes. “Mas até agora não conheço outra graphic novel feita a partir desse repertório. Entendi que era um trabalho que poucos poderiam pôr em prática, e mergulhei de cabeça. No final de 2017 eu já tinha clara a estrutura do roteiro, fui a uma palestra do Ivan Vilela e me apresentei a ele que se  interessou imediatamente pelo projeto e começamos a trabalhar”, relembra.

Garfunkel conta que Vilela sugeriu uma que a história fosse além dos temas mais faroeste previstos inicialmente, com muito boi e bala. “Ampliamos o roteiro com a origem da viola, derivada de instrumentos mouros e vinda ao Brasil com as primeiras caravelas portuguesas, e com a construção da Viola Encarnada, protagonista da história. Para isso, busquei ajuda do Luiz Armando, da luthieria Trevo, que construiu efetivamente a viola em um mês! O Ivan também sugeriu outro desfecho para a HQ, que termina na cidade grande, completando todo o trajeto percorrido pela música caipira”, comenta Garfunkel.

Ficha Técnica ‘Nos Braços do Violeiro’:

-Yuri Garfunkel: Artista expositor, músico, coordenação geral
– João Carlos Villela: Curadoria e Produção Artística
– Cris Rangel: Produção Executiva
– Lula Fidalgo: Montagem e direção musical
– Ellen B. Fernandes: Assessoria de Imprensa
– Mário de Almeida: Registro Audiovisual
– Rodrigo Camargo: Consultoria Jurídica

Realização: ProAC Editais, Cult SP, Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo

Contato: garfunkelyuri@gmail.com // @yurisopa // facebook.com/yuri.sopa

SERVIÇO:
Exposição “Nos Braços do Violeiro”
Visitação:
 Aos sábados e domingos, das 10 às 18h, até dia 21/09
Local:
 Instituto Elpídio dos Santos, rua Coronel Domingues de Castro, 55, Centro Histórico – São Luiz do Paraitinga – SP
Entrada gratuita

Os idealizadores

Yuri Garfunkel: Artista visual, músico e educador-  Autor dos romances gráficos A Viola Encarnada: modas de viola em quadrinhos, indicado ao prêmio HQMIX 2020 na categoria Melhor Adaptação, e A Outra Anita, sobre a trajetória da pintora Anita Malfatti, lançada em 2022 para o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.  Criador do Sopa Art Br, estúdio de artes visuais, ilustração e design, com mais de 10 anos de experiência em comunicação visual ligada à cultura. Desenvolve seu trabalho a partir de pesquisas na união de linguagens artísticas, relacionando HQs com arte urbana, música e educação. Com quatro exposições criadas nesse conceito, circulou por galerias como Coletivo, Matilha Cultural e A7MA, parques e estações do Metrô de São Paulo, e expôs na Argentina, Itália e Espanha. Como músico, Yuri integra desde 2008 o grupo instrumental Kaoll, com o qual gravou 3 álbuns, realizou mais de 300 apresentações pelo Brasil e uma turnê europeia em 2014. Em 2015 Yuri passou a integrar o grupo Pequeno Sertão de música caipira autoral, com quem lançou dois álbuns, em 2016 e 2021. Como educador, Yuri cria e ministra cursos e oficinas de desenho e criação artística com propostas adequadas para diferentes públicos, de crianças e terceira idade à profissionalização, com circulação no Estado de São Paulo pela rede do Sistema S e centros culturais. 

João Carlos Villela: Curador, art advisor e produtor – Atua há 12 anos no mercado de arte tendo trabalhado como produtor e diretor de vendas em galerias de arte contemporânea do mercado primário. Como produtor, foi responsável por mais de 30 exposições, em galerias e espaços institucionais como o Centro Universitário Maria Antônia e o Instituto Tomie Ohtake. Entre as exposições que produziu estão as de artistas como, Ana Prata, Claudio Mubarac, Elisa Bracher, Fabio Miguez, Oswaldo Goeldi, Paulo Monteiro e Sergio Lucena. Como pesquisador na Art Options, escritório de consultoria de arte, foi responsável pela aquisição de artistas para coleções privadas e para a coleção corporativa do escritório. Desde 2016, como art advisor e curador independente, assessora colecionadores privados e artistas em desenvolvimento de carreira. Curou a exposição coletiva Campo para o Exercício da Liberdade na FUNARTE-SP em 2018, a exposição individual do artista Lumumba no Matilha Cultural em 2018, a exposição Los Silencios sobre o filme homônimo da cineasta Beatriz Seigner no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca em 2019, e a exposição Nos Braços do Violeiro com obras de Yuri Garfunkel em 2021 na A7MA Galeria e em 2022 no Sesc-Rio Preto. Dirigiu e produziu em 2021 os shows Ao Vivo da Mooca e In Goma, do trio instrumental A Timeline, ambos com o respectivo patrocínio e apoio do ProAC SP e do Teatro Arthur Azevedo.

Ellen Bacci Fernandes
ebfcomunicacao@gmail.com