Conheça 10 iniciativas que unem turismo, ciência e educação em prol da conservação da biodiversidade marinha no Brasil.
Projeto Botos da Barra, de Tramandaí (RS), é uma das iniciativas apoiadas pela Fundação Grupo Boticário. Foto: Ignacio Moreno (CECLIMAR/CLN/UFRGS) |
Fundação Grupo Boticário oferece apoio técnico e financeiro para dez projetos voltados ao turismo responsável na costa brasileira A busca por experiências mais autênticas, atividades ao ar livre e maior contato com a natureza estão entre as grandes tendências do turismo nos próximos anos. Para estimular negócios sustentáveis que possam promover a conservação da biodiversidade em regiões costeiro-marinhas e que também caminham em direção a essas expectativas para o turismo, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza selecionou dez projetos para receber apoio técnico e financeiro a partir deste ano. As soluções de turismo responsável desenvolvidas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país estão entre as 19 iniciativas de todo o país selecionadas pelo Camp Oceano, que destinará um total de R$ 3,7 milhões em apoio financeiro pelos próximos três anos. Além do turismo, também foram apoiadas soluções para reduzir a poluição no mar e mitigar os efeitos da crise climática em regiões costeiras. “Os projetos do Camp Oceano, desenvolvidos por meio de cocriação, com capacitações e mentorias para aprimorar as ideias, demonstraram potencial para gerar impactos positivos e duradouros para a conservação de nossas áreas costeiras e marinhas, unindo o turismo, a ciência, a educação, o desenvolvimento econômico e a integração com a comunidade”, avalia Omar Rodrigues, gerente sênior de Engajamento e Relacionamento Institucional da Fundação Grupo Boticário. Região NordesteA maioria dos projetos apoiados está no Nordeste. Das seis iniciativas de destaque na região, duas estão em Pernambuco. A Coalizão pelos Corais é um programa de turismo científico para integrar a comunidade local de Porto de Galinhas na resolução da degradação recifal e da demanda por novos passeios. O projeto, realizado pela BioFábrica de Corais, busca implementar um programa de restauração de recifes, dividido em quatro programas de manejo: transplantação de corais, mapeamento e monitoramento, recuperação de colônias enfermas, e experiências educacionais. Já o projeto Aves de Noronha busca a convergência entre atividades de turismo e o fomento a ações de conservação no Arquipélago de Fernando de Noronha. Realizado pelo Instituto Espaço Silvestre, tem a intenção de preservar a maior diversidade de espécies de aves marinhas do Brasil, além de estimular a economia local, a ciência, a comunicação e o engajamento social. De João Pessoa (PB), o projeto Coral eu cuido é modelo de gestão integrada e participativa para ajudar pessoas e empresários de turismo náutico na preservação dos recifes costeiros da Paraíba, utilizando tecnologia interativa digital e campanhas de sensibilização ambiental. O objetivo da solução, elaborada pela Associação para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia (Scientec), é promover um turismo responsável e sustentável, com ênfase no monitoramento da saúde do ecossistema e engajamento permanente dos usuários em medidas de conservação. No Ceará, uma iniciativa da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) está entre as selecionadas. O projeto Conhecer para Conservar visa a promoção do turismo responsável no município de Icapuí, com o intuito de fortalecer o turismo de base comunitária, permitindo a visitação ordenada de observação e experiência por meio de um Plano de Turismo Participativo. O projeto fornecerá apoio técnico e legal para os diferentes atores sociais, promovendo o fortalecimento de atividades turísticas para a conservação do peixe-boi-marinho e de aves migratórias, espécies ameaçadas de extinção e seus habitats naturais. O projeto Conhecendo o oceano no rastro das tartarugas marinhas, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Península de Maraú, na Bahia, integra um conjunto de ações locais para conectar o trade turístico, moradores, turistas e poder público, a fim de diminuir a pressão sobre os recursos naturais oriunda do desordenamento do turismo. Atua a partir da disseminação de cultura oceânica por meio de circuitos turísticos educativos e o desenvolvimento de um aplicativo que conecta pessoas e negócios com a conservação do oceano e das tartarugas. Elaborada pelo Projeto Conservação Recifal, em Alagoas, a solução Fomentando o Ecoturismo na APA Costa dos Corais tem por objetivo promover o turismo participativo no monitoramento dos recifes de corais da maior unidade de conservação costeiro-marinha do Brasil. O processo inclui treinar turistas e capacitá-los para coletar dados durante passeios de snorkel. Uma equipe de pesquisadores fará expedições trimestrais a fim de comparar e validar os dados coletados pelos turistas. Região SulDuas soluções beneficiam o turismo marinho no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Iniciativa do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars), o projeto Como Virar Torres para o Mar? tem por objetivo a observação presencial e virtual da fauna marinha em Torres. Pretende, ainda, chamar a atenção da cidade para sua costa por meio da implementação do turismo de observação dos lobos e leões-marinhos, sem precisar estar necessariamente embarcado. O Botos da Barra, outro projeto gaúcho que receberá o suporte financeiro da Fundação Grupo Boticário, é uma solução para potencializar o turismo de base comunitária atrelado à conservação da natureza na Barra do Rio Tramandaí. Por meio de métodos participativos de qualificação e conscientização dos atores locais, da valorização dos serviços e da paisagem de beleza cênica, o projeto da ONG Kaosa pretende ser catalisador da sustentabilidade de comunidades pesqueiras e litorâneas. Realizado pela Fundação Educacional da Região de Joinville, o projeto Caminhos do Mar – Turismo de Natureza para a Conservação da Baía da Babitonga, em Santa Catarina, tem a intenção de promover o turismo embarcado de observação da natureza, como as toninhas, o menor golfinho do mundo e ameaçado de extinção. O projeto pretende gerar as bases técnicas para o desenvolvimento das atividades e transferir os produtos gerados para uma rede de colaboradores, incluindo jovens que fazem curso técnico em turismo. Os produtos gerados têm grande potencial para serem transformados em políticas públicas. SudesteUm dos projetos apoiados será desenvolvido no Litoral Norte de São Paulo. A solução Mergulhando com o Mero, da Associação Ambientalista Terra Viva, busca desenvolver tecnologia para produção em cativeiro do peixe mero, criar protocolos para o manejo de indivíduos jovens, mapeamentos de áreas com aptidão para soltura, repovoamento e estímulo ao turismo de observação de megafauna. O mero pode chegar a três metros de comprimento e mais de 400 quilos. O projeto fornecerá treinamento para comunidades tradicionais, fomentando a cultura oceânica, possibilitando o turismo de observação do mero e fortalecendo as comunidades do entorno. Sobre a teia de soluçõesO Camp Oceano é um dos formatos de seleção da teia de soluções, iniciativa da Fundação Grupo Boticário. Lançada em 2020 com dois processos seletivos, a teia estimulou, em suas primeiras edições, o desenvolvimento de propostas voltadas para o turismo responsável em áreas naturais e para a Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente do bioma no Brasil. Em 2021, dois novos processos buscaram soluções para desafios relacionados ao oceano e ao Cerrado. Em 2022, foi lançado um LAB para cocriar soluções para a restauração da região hidrográfica da Baía de Guanabara. Sobre a Fundação Grupo BoticárioCom 31 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. |