Carnaval no Museu das Culturas Indígenas: instituição conscientiza público sobre o uso de indumentárias sagradas como fantasias
Ação convida foliões a pintarem estandartes e trocar ornamentos sagrados por frases de conscientização e combate ao racismo, ao apagamento de tradições e à hiperssexualização dos povos originários
Uso indiscriminado de indumentárias sagradas contribui para a invisibilização dos povos originários. Foto: acervo MCI
São Paulo, fevereiro de 2024 – A ação Índio Indígena NÃO é fantasia! convida os foliões a confeccionarem estandartes com frases de conscientização sobre a cultura dos povos originários e o respeito às tradições para uso nas festas carnavalescas. Realizada no Museu das Culturas Indígenas (MCI), a atividade busca sensibilizar o público sobre o uso de adereços sagrados como fantasias no Carnaval. O MCI é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.
Frases como “Cocar é sagrado”, “Cada grafismo representa a espiritualidade de um povo”, “Índio Indígena não é fantasia” e “Demarcação já”, vão enfeitar os estandartes — bandeiras decoradas tipicamente carnavalescas — confeccionados pelo público. A ação será conduzida pelos Mestres dos Saberes, indígenas do programa educativo, que compartilharão tradições ancestrais sobre o uso de indumentárias sagradas e como a comercialização indiscriminadas de fantasias reforçam estereótipo racista de “selvagem, folclórico e não pertencente à sociedade”. A ação acontece entre 03 e 25 de fevereiro, das 9h às 18h (às quintas, até às 20h).
Os adereços estão ligados à identidade cultural das etnias e representam tradições milenares. O uso de determinadas indumentárias, inclusive, deve respeitar ritos e cerimônias. Um dos exemplos é o cocar que marca a identidade cultural e, antes de ser utilizado, deve ser consagrado por um líder espiritual. Já as pinturas e grafismos são repletos de significados, utilizados, muitas vezes, em rituais e cerimônias sagradas, e servem como identificação entre membros das etnias.
CAMPANHA #INDÍGENANÃOÉFANTASIA
O uso e a comercialização indiscriminada de fantasias que remetem a temas indígenas reforçam visões homogêneas, preconceitos e discriminações que ignoram a ampla diversidade de etnias. O termo “índio”, dado aos indígenas pelos colonizadores, reforça ideias ultrapassadas, pejorativas e despreza a gama de diferentes culturas, línguas e tradições existentes no Brasil.
No imaginário social, o uso de cocar, vestimentas, além de pinturas e grafismos corporais, reforçam a imagem mística e folclórica dos povos originários. Essas fantasias acompanham movimentos e danças que fortalecem o estereótipo animalesco e distante do contexto brasileiro. A reprodução desses preconceitos contribui para a invisibilização dos povos originários na sociedade e, consequentemente, lutas, direitos e pautas não são discutidos e priorizados no debate público.
SERVIÇO
Índio Indígena NÃO é fantasia!
Período: de 03 de fevereiro a 25 de fevereiro de 2024
Ingressos disponíveis no site.
Sobre o MCI
Localizado na capital paulista, o Museu das Culturas Indígenas (MCI) é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari – Organização Social de Cultura, em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Aty Mirim.
Museu das Culturas Indígenas
Endereço: Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca – São Paulo/SP
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Site: www.museudasculturasindigenas.
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