Uma visita a comunidade Quilombola Cafundó em Salto de Pirapora – SP
Por Dalton Assis
Na última sexta-feira (5) a reportagem do Turismo em Pauta, foi convidada por Solange Barbosa, CEO da Rota da Liberdade, agência de turismo especializada em AfroTurismo para conhecer a comunidade Quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora, interior de São Paulo.
Localizado a 130 km da capital paulista, a comunidade quilombola Cafundó é um convite à história e à cultura africana no Brasil. Seu início ocorreu em meados de 1876 quando o ancestral angolano Joaquim Congo após ganhar a alforria do senhor da fazenda onde morava herdou parte das terras e ali constituiu família e desde então o espaço é habitado por seus descendentes.
Ao chegarmos a comunidade fomos recebido por Cintia Delgado, coordenadora do grupo Turi Vimba (que em português significa “Terra de Negro). Que nos concedeu uma breve apresentação do quilombo, de suas tradições, costumes e até língua própria usada na comunidade chamada Cupópia que tem origem no quimbundo, um idioma africando originário do norte da Angola.
“Por muito tempo, éramos ridicularizados por nossas vestimentas, nosso cabelo e pelo lugar onde moramos. A partir do momento que começamos a olhar para dentro de nós mesmo tendo em mente a gratidão, o respeito aos griôs (como chamam os mais velhos) as gerações que vieram antes de nós e pelas crianças que são o nosso futuro, tudo mudou e o grupo Turi Vimba veio para isso, para a valorização das nossas crenças e ensinar para nossa comunidade que todas as mudanças que acontece na vida, a resposta vem sempre de dentro para fora”. Conta a coordenadora Cintia.
Logo após a apresentação, a Rainha Regina do Cafundó, como é chamada pela comunidade quilombola, nos conta toda a história de luta, resistência que seus ancestrais enfrentaram quando foram retirados de seu país de origem a África como escravos para trabalharem em fazendas e lavouras em todo o Brasil, contou sobre o surgimento do quilombo em 1876, até chegar às conquistas das terras que hoje habita o Quilombo Cafundó. O próprio nome do quilombo, “Cafundó”, ela explica que se deu pois, no passado, o local era de difícil acesso e sobrevivência.
Além disso, durante o dia no quilombo, fomos premiados com uma fantástica aula ministrada pela própria Regina sobre estamparia botânica, prática que consiste em personalizar roupas, cadernos entre outros diversos acessórios com plantas e folhas de árvores. Esses produtos quando finalizados são comercializados pela comunidade.
“Diante de nosso histórico de luta e resistência,toda vez que recebemos visitantes interessados em conhecer nosso trabalho e existência do quilombo é uma valorização imensa e isso só nos fortalece ainda mais.” relata Regina Pereira, Líder do Quilombo Cafundó.
A comunidade cafundó em 1999 teve seu território reconhecido pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) e em 2006 o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) reconheceu o território de Cafundó com 218.44 hectares. Atualmente 35 famílias e cerca de 120 pessoas vivem no quilombo.
Visita Guiada
O Quilombo Cafundó, não só possui uma grande riqueza cultural como também oferece aos visitantes uma visita guiada ao espaço para conhecer as manifestações culturais por meio da dança do Jongo, da capoeira, do artesanato e a influência da culinária afro em sua comida.
Além disso, o visitante tem a oportunidade de ter contato com o saber popular tradicional sobre o uso das ervas medicinais para tratamento da saúde. Vale muito a pena conferir também o artesanato produzido pelo Grupo de Mulheres, expostos na Casa de Barro, a estamparia botânica entre outras atividades.
Para agendar sua visita entre em contato pelo e-mail turivimba@gmail.com ou pelo whatsapp (15) 99623-8918 – Regina.
Visite também a página deles no Instagram @quilombo_cafundo