Aracati: muito além de Canoa Quebrada
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Quando alguém fala “vou para Aracati”, costuma ouvir uma pergunta em troca: “Onde fica essa cidade?”. Basta falar que é o município de Canoa Quebrada para todo mundo identificar como um dos destinos mais belos e procurados do Ceará e do Brasil, conforme Índice de Competitividade do Ministério do Turismo. A região, no entanto, vai muito além da praia de cor clara, areia branca e rodeada de falésias.
O revezamento da tocha olímpica foca justamente no lado menos conhecido de Aracati: da história e da cultura. O roteiro histórico da cidade remete ao período da colonização brasileira. Ao percorrer as igrejas e a rua Coronel Alexanzito (mais conhecida como Rua Grande), o turista se depara com construções seculares e escuta casos que se transformam em uma verdadeira viagem no tempo.
Em 2001, o Iphan tombou cerca de 200 construções na cidade. “Aracati é um município muito rico do ponto de vista turístico e cultural. Temos aqui três atrativos que precisam ser fortalecidos: a praia, o centro histórico e o Rio Jaguaribe. Poucas cidades têm essa característica: de história, praia reconhecida internacionalmente e o rio. Vamos fazer de Aracati um destino de descanso e história”, explicou o secretário de Turismo e Cultura de Aracati, Marcos Vieira.
Aracati foi uma das primeiras capitais do Ceará. Colonizada em 1603, começou a se oficializar como vila por volta de 1680. A primeira igreja construída na cidade, a Nossa Senhora do Rosário, a Matriz, data de 1700 — palco da principal celebração do revezamento na manhã desta terça-feira (7). Logo em seguida foram construídas as outras quatro igrejas, preservadas até hoje: São Rosário dos Pretos, Bom Jesus dos Navegantes, Senhor do Bonfim e Nossa Senhora dos Prazeres.
A igreja São Rosário dos Pretos foi erguida como forma de protesto porque os negros, ainda no século 18, eram proibidos de entrar nas cerimônias religiosas na Igreja Matriz. Uma fica a apenas 500 metros de distância da outra. A do Bonfim, dizem os aracatienses, era a mais elitista de todas à época.
Construções históricas
A base econômica de Aracati, no século 18, era a carne de charque e algodão. Muitos produtos chegavam ainda pelo porto e, por meio do Rio Jaguaribe, eram distribuídos pelo Ceará. Com o assoreamento do porto, o ponto de entrega de materiais passou a ser Fortaleza, a atual capital cearense.
A arquiteta responsável pelo patrimônio histórico da cidade, Liana Queiroz, explica que as casas de três andares da Rua Grande eram depósitos e, ao mesmo tempo, mirantes para o porto. As casas e comércios da rua têm características portuguesas: varandas curtinhas, janelas grandes e azulejos nas casas das famílias mais ricas à época. “O azulejo era sinal de status. Eram o diferencial”, explicou Liana.
Personalidades
Os aracatienses são orgulhosos pelos personagens da cidade. É de lá o escritor Adolfo Caminha, o pianista Jacques Klein, o icônico Dragão do Mar, entre outros. “O cearense poderia dominar o mundo”, brincam alguns. Uma das homenagens da cidade a essas personalidades é a escultura ao fim da rua mais badalada da cidade e com um cenário incrível ao fundo do Dragão do Mar.
Reza a lenda que ele foi um jangadeiro nativo de Canoa Quebrada responsável pelo transporte dos escravos para a costa brasileira. Ao ver os maus tratos, ele decidiu lutar contra a escravidão e foi de jangada ao Rio de Janeiro a procura da Princesa Isabel. Foi quando Chico da Matilde, como era conhecido, ganhou o apelido de Dragão do Mar. Aracati foi uma das primeiras cidades do Brasil a abolir a escravatura.
INVESTIMENTOS – O Ministério do Turismo investiu, desde 2003, cerca de R$ 8,9 bilhões em obras de infraestrutura turística em municípios de todo o país. Somente no Ceará, a Pasta já investiu R$ 886,5 milhões em obras de urbanização, construção de praças e Centro de Informações Turísticas entre outras.
REVEZAMENTO DA TOCHA NO CEARÁ – A tocha passará por oito cidades cearenses. Para mais informações sobre o tour no estado e pelo Brasil, o Ministério produziu um mapa interativo, com roteiros e imagens dos destinos. Diariamente, a Agência de Notícias do Turismo produz matérias a respeito do revezamento e de dicas dos destinos da tocha. No Twitter (@mturismo), o internauta pode acompanhar diariamente a cobertura do revezamento em tempo real.