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SALTA, LA LINDA!

Feita de história, cultura e tradição, Salta, vista de cima, parece um aglomerado de pecinhas de Lego, encaixadas para encantar. É o equilíbrio perfeito entre o mundo urbano e a natureza. Com um perfil predominantemente horizontal, as construções verticais se destacam – e são poucas. 

La linda, tradução de “sagta”, na língua indígena aimará, era uma cidade de passagem para quem vinha do sul em direção às minas de Potósi, na Bolívia. Com a independência da Espanha, o movimento intenso por aqui mudou. O que permanece igual é o apreço pelas características originais da cidade. Na Plaza 9 de Julio isso fica evidente. 

Da Catedral Basílica de Salta, datada do século 19, aos museus que delimitam a praça, a arquitetura colonial se destaca. Nos arredores estão a Catedral – fundamental para a compreensão da história da cidade -, o Museu de Arte Contemporânea e o Museu de Arqueologia de Alta Montanha – que abriga os niños de Llullaillaco, três crianças oferecidas num ritual inca e encontradas intactas em 1999 numa montanha de 6.739 metros, por uma equipe da National Geographic. Por ali você encontra também o Cabildo Histórico de Salta, edifício restaurado do governo, com construção original de 1700, além do Museu Güemes e a imponente Igreja de São Francisco.

Catedral Basílica de Salta

A jovialidade fica por conta dos bares e restaurantes ao longo da Calle Balcarce, onde drinks e música típica dão ritmo à noite salteña.  

A rua onde está concentrada a vida noturna de Salta!

 A bordo do Tren a las Nubes é a natureza quem assume o protagonismo. Natureza aliada ao conhecimento do homem, em um dos trajetos mais altos da terra – em que os trilhos nos conduzem 4.200 metros acima do nível do mar, num dos passeios mais surreais que já fiz. 

Em frente à estação ferroviária de onde parte o trem, aos domingos acontece uma feirinha de artesanato que se estende por toda a Calle Balcarce. Uma ótima pedida para conhecer preciosidades feitas à mão, como os ponchos de lã de lhama.

Paralelamente ao entrelaçar de paisagens estonteantes com a história, a religiosidade se faz presente, inclusive, no calendário de eventos da cidade. É que em 13 de setembro de 1600, Salta enfrentou um terremoto. Dois dias seguidos de tremores e tudo estava destruído. Aí, o arcebispo lembrou que a Catedral havia ganhado duas imagens de presente de Tucuman e ordenou que procurassem as estátuas dos santos. Quando foram encontradas, em meio aos escombros, as imagens do Señor Jesus e da Virgen del Milagre estavam intactas. Em 15 de setembro os fiéis decidiram fazer uma procissão para os santos e os tremores cessaram. Os salteños atribuem à interseção o fim dos tremores e, em agradecimento, fazem uma festa anual que reúne mais de 600 mil pessoas – parte delas vem em procissão desde San Antonio de Los Cobres, uma caminhada de 160 quilômetros de fé. 

Outro local que reúne fiéis é o Santuário da Virgen del Cerro. Em 1990, uma camponesa chamada María Livia estava na colina, próxima a Salta, quando viu Maria. Os encontros seguiram acontecendo e ela comentou com a família. Aos poucos, devotos de Maria começaram a surgir para encontrar a camponesa. Hoje, o local virou um Santuário onde Maria Lívia faz orações pelos fiéis aos sábados. Além de ser um local de fé e devoção, a colina tem uma vista lindíssima da cidade. 

Manifestações de fé espalhadas pelo Santuário.

 E, se o assunto é o melhor ponto para ver Salta das alturas, o Teleférico San Bernardo está, sem dúvidas, no ranking. Com saída da praça San Martín – uma das principais da cidade – a subida já permite apreciar a integração urbano-rural. Lá de cima, vários mirantes proporcionam vistas surpreendentes. De quebra, é possível comprar souvenirs e tomar um café – ou um vinho! 

Dica: reserve pelo menos 3 dias completos para desbravar Salta! Outra sugestão é montar um roteiro de 6 noites – com uma noite em Purmamarca e duas noites em La Caldera. O norte argentino é uma região que merece ser explorada com calma e entrega!