Voando para o futuro: como a tecnologia pode elevar a experiência nos aeroportos brasileiros
* Por Marina Montenegro
Os aeroportos têm passado por uma transformação silenciosa, mas profunda, impulsionada por um cenário de retomada pós-pandemia que trouxe mais de 112,6 milhões de passageiros aos terminais brasileiros em 2023, o maior número desde 2020, segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Com 80% dos viajantes considerando essencial poder reservar suas viagens completamente online e 76% valorizando aplicativos que minimizam o estresse durante o processo, segundo o Hilton’s Trend Report (2024), a pergunta que se impõe é: como trazer toda essa experiência digital, que começa no planejamento da viagem, para o ambiente físico do aeroporto?
A tecnologia é a resposta. Ela que poderá redefinir a experiência de quem passa por esses espaços. Não se trata mais apenas de funcionalidade, mas de criar jornadas suaves, conectadas e, principalmente, personalizadas. Afinal, todo esse fluxo digital pré-viagem parece se perder no momento em que o passageiro entra na zona de segurança do aeroporto, onde, muitas vezes, a tecnologia que facilita o restante da jornada volta no tempo e os processos acontecem de forma lenta e ineficiente, criando frustrações desnecessárias.
No entanto, com o avanço de soluções como biometria, inteligência artificial e aplicativos de viagem integrados, é possível reverter essa situação. Essas tecnologias têm o poder de eliminar filas, automatizar processos e fornecer informações em tempo real, permitindo que o passageiro mantenha o controle total da sua jornada, do check-in ao embarque, com fluidez e comodidade. Elas proporcionam uma experiência em que o foco é a conveniência do viajante.
Imagine um aeroporto onde o período de espera é minimizado por soluções como check-in automatizado, controle de segurança ágil e sem a necessidade de contato físico. O potencial de ganho de tempo é enorme, e essa possibilidade torna a viagem mais prazerosa, trazendo ganhos para o passageiro em si e melhorando sua relação com as companhias aéreas.
Essas iniciativas fazem parte das megatendências previstas para serem integradas aos aeroportos até 2050, de acordo com o levantamento da Oliver Wyman, de 2023. Por trás delas, está uma série de tecnologias emergentes, como IA, IoT e Machine Learning, que já estão sendo testadas para otimizar as operações, antecipando problemas e ajustando os recursos em tempo real, antes mesmo que o passageiro perceba qualquer transtorno.
E não para por aí. O rastreamento de bagagens, que por muito tempo foi motivo de estresse, até 2030, de acordo com o estudo, poderá ser feito de forma digital, sem etiquetas físicas, dando ao passageiro total controle sobre onde estão seus pertences e eliminando a necessidade de pegar filas para despachá-los.
Essa revolução tecnológica não se limita à simplificação de processos, mas também altera nossa percepção sobre o ato de viajar. Com filas e controles de segurança sendo drasticamente reduzidos, o tempo para o embarque antes visto como perdido, poderá ser aproveitado de forma mais produtiva. O passageiro, em vez de se preocupar com burocracias, terá mais liberdade para explorar o terminal, usufruir de serviços personalizados e focar no que realmente importa: sua jornada e a experiência.
Para acompanhar esse movimento, os aeroportos estão se preparando para se tornarem centros de inovação e lazer. A passagem por eles se transformará em uma extensão da própria viagem. Opções de entretenimento personalizadas, lojas globais como as de shopping centers, restaurantes premiados e espaços interativos serão comuns. Um simples lounge se tornará um ambiente conectado, onde o passageiro pode trabalhar, relaxar ou até aproveitar serviços de alto padrão, que antecipam suas necessidades antes mesmo que ele peça.
As expectativas estão cada vez mais altas, e a conveniência é o próximo grande passo. Com o auxílio da inteligência artificial, as preferências de cada passageiro poderão ser ajustadas em tempo real, desde as sugestões de restaurantes e lojas que mais combinam com seu perfil de compra no terminal, até o tipo de assento que ele mais gosta de viajar.
Dessa forma, o futuro dos aeroportos não será sobre transportar pessoas apenas, mas sim oferecer uma experiência integrada que começa antes mesmo de o passageiro chegar ao seu destino. A ideia desse espaço como hub de serviços imersivos abre novas oportunidades para varejistas, que devem estar preparados para oferecer soluções ágeis e eficientes para os viajantes.
Para esta evolução, o caminho é claro: automatizar o que antes era burocrático, eliminar os atritos e tornar a viagem uma vivência tão agradável quanto a que aguarda o passageiro no ponto de chegada. Nesse processo, a tecnologia é a chave para transformar o ato de viajar em algo extraordinário. À medida que nos dirigimos para esse novo horizonte, o céu não é o limite, é apenas o começo de uma jornada emocionante rumo a uma experiência de viagem mais fluida, inteligente e prazerosa.
* Marina Montenegro é Estrategista e Pesquisadora de Tendências Sênior na Rethink, consultoria de tecnologia, design e estratégia, especializada no desenvolvimento de serviços e produtos digitais para grandes empresas do Brasil.
Carolina Amaral
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