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Após quatro anos, setor hoteleiro deve ultrapassar receita pré-pandemia, projeta Bain

Recuperação do setor está relacionada ao aumento do valor da diária média

O mercado hoteleiro global vem ano a ano se recuperando dos impactos da pandemia, e o Brasil não é exceção. Entre 2020 e 2021, todos segmentos do setor foram fortemente afetados, com uma drástica queda na taxa de ocupação e receita. Contudo, a partir de 2022, foi possível observar uma recuperação acelerada, com o mercado atingindo os patamares pré-pandemia em 2023, com previsão de ultrapassar os resultados de 2019 ainda este ano.

Caracterizado por sua baixa concentração, o mercado hoteleiro brasileiro foi ainda mais pulverizado durante a pandemia. Atualmente, 84% dos hotéis no Brasil são estabelecimentos individuais, enquanto apenas 16% fazem parte de redes hoteleiras. Essa configuração apresentou desafios e oportunidades únicas para a recuperação e expansão do setor no país.

Ao comparar a taxa de ocupação atual com a de 2019, houve uma redução anual acumulada de 8% no período, que continua a pressionar o mercado de hotelaria brasileiro. Porém, esse impacto foi suavizado por um aumento significativo na Diária Média (ADR), que subiu de R$ 188 para R$ 222. Esse aumento de 6% ao ano na ADR tem ajudado a equilibrar a queda na receita por quarto disponível (RevPAR).

“O mercado hoteleiro brasileiro está se reinventando e adaptando rapidamente às novas demandas e desafios pós-pandemia. Com foco nas tendências emergentes e uma abordagem centrada no cliente, há um vasto potencial de crescimento e inovação à vista. Este é o momento de aproveitar as oportunidades e liderar a transformação no setor”, comenta Bernardo Sebastião, sócio da Bain & Company.

A partir da pesquisa, a consultoria identificou 7 tendências relevantes que podem ajudar o mercado brasileiro a acompanhar essa movimentação:

  1. Experiência como um novo produto: os consumidores buscam cada vez mais experiências imersivas de lifestyle, intensificando a concorrência em toda a cadeia de hospedagem. Marcas de nicho têm a oportunidade de ganhar escala regional.
  2. Mistura entre trabalho e lazer: a distinção entre viajantes de negócios e lazer está caindo gradualmente. Para se adequar a esse novo cenário, os hotéis devem repensar suas ofertas, incluindo espaços físicos, serviços e operações.
  3. Impacto da alta inflação e escassez de mão de obra: é provável que a alta inflação e a escassez de mão de obra continuem no curto e médio prazo, forçando a otimização de custos e ajustes nas decisões de investimento.
  4. ESG como exigência básica: sustentabilidade e impactos socioeconômicos locais já são considerados fundamentais por grande parte dos consumidores, o que exige investimentos incrementais nas operações hoteleiras.
  5. Hiperpersonalização: a personalização das experiências dos hóspedes, desde a reserva até a estadia, baseada em necessidades individuais, deve mudar o paradigma de fidelidade e retenção de clientes.
  6. Corrida para dominar e monetizar a jornada do cliente: hotéis e marcas que utilizam dados para evoluir suas ofertas, personalizando atrações e atividades para os clientes, têm mais chances de captar valor de forma mais eficaz.
  7. IA generativa como impulsionadora de novos modelos de negócio: a captura e análise de dados via IA Generativa tem se tornado um facilitador para todas as demais tendências, impulsionando novos modelos de sucesso.


Adriana Gartner
adriana.gartner@rpmacomunicacao.com.br