Falando de Hospitalidade | Com Roberto Gracioso
NOVAS TENDÊNCIAS DE CONTRATAÇÃO
Vou pedir licença nesta semana para alterar a sequência dos assuntos para citar algo que observei e achei extraordinário para compartilhar com os amigos.
Como vimos falando ao longo das publicações, é notória a baixa qualidade da mão de obra e fraco índice de desempenho dos colaboradores das empresas prestadoras de serviço. Atualmente as empresas, principalmente as de hospitalidade, sofrem com vários fatores mercadológicos que dificultam a retenção de uma boa equipe, a implantação fundamentada de procedimentos e a continuidade dos processos sem que se “evaporem” e caiam no “mínimo aceitável”.
Mas, como pregam os especialistas em inovação e economia, a crise proporciona insights de melhorias que em momentos de bonança ficam adormecidos. Portanto, é neste momento que a criatividade entra em jogo.
Recentemente peguei um voo de uma determinada companhia aérea para Porto Alegre e, observador como sou, fiquei avaliando o serviço de bordo. O que mais me chamou a atenção foi a média etária da tripulação. Arrisco dizer que era de acima de quarenta anos. Dias após, peguei outro voo, em outra companhia e, para minha surpresa, um dos comissários certamente já havia passado dos sessenta anos, além de os demais estarem provavelmente também na casa dos quarenta e uns.
Há alguns anos, o mercado de trabalho possuía uma nefasta linha imaginária entre o início e o final da carreira – os terríveis quarenta anos. Os departamentos de RH com suas descrições de cargos, perfis de vaga, perfis de candidato, etc, tipificavam os escolhidos considerando um dos maiores critérios desclassificatórios – a idade.
Porém, como comentei que a crise provoca a criatividade, pois sempre gosto de citar esta frase; “a necessidade é a mãe da criatividade!” e, provavelmente pela incessante busca por contensão de custos ou pela qualidade da mão de obra, ou por ambos, as empresas voltaram suas atenções para este profissional – o “experiente”.
Longe de qualquer análise de impacto de gerações, deixando para a brilhante palestrante e especialista no assunto – Gabriela Otto, mas pegando este gancho, a geração Y, millenials ou net generation, como queiram chama-los infelizmente não atingiu a maturidade suficiente para o devido engajamento no clima organizacional (não é generalizado).
O mundo moderno, de grande volume de informação e de pouco conhecimento, provoca nestes novos profissionais um filtro que só absorve o que mais lhes interessam como; ambição, plano de carreira, vida social, pouco compromisso com o trabalho, estabilidade financeira provida pelos pais*, etc.
*Os pais desta geração, são exatamente os da Geração X, os quais por sua vez são filhos dos Baby boomers e que vêm de uma criação com muitas privações, portanto a infância e adolescência dos membros da geração X com muitas limitações. Assim, as frustrações dos “X” são descontadas nos “Y”, ou seja, tudo o que não teve, o filho irá ter. Aliando isso à oferta tecnológica, várias marcas, tipos, preços, de tudo que tipo de produtos, os “Y” são os principais beneficiados.
Concluindo o raciocínio, os “Y”, de acordo com as definições acima, possuem pouco ou nenhum comprometimento com o trabalho, causando mão de obra de baixa qualidade e, caso não haja uma rápida promoção, o “turn over” aumenta, retornando ao processo de contratação. Estes e outros fatores forçavam as empresas a intensificar os esforços no departamento de RH com; contratação, treinamento, esforços para retenção de equipe, etc. Tudo isso para manter o bendito perfil da vaga; linha de frente com pessoas jovens, bonitas, bem vestidas, etc.
Porém, ao longo do tempo, os brilhantes gestores de RH perceberam que os profissionais antes condenados – acima dos quarenta anos – são simplesmente a solução de todos os problemas.
Estes profissionais já passaram por rigorosos treinamentos em todos os lugares que passaram, já possuem uma grande experiência e praticamente já “podem entrar jogando”. Estes que, no século passado eram anciãos, devido à grande preocupação com qualidade de vida e longevidade, muitos estão bem mais conservados do que os garotos de vinte anos e são extremamente mais comprometidos por possuírem compromissos familiares e outras prerrogativas positivas.
Claro que muitos possuem vícios anteriores, fato que outrora era um limitador de contratação. Mas este esforço é o menor, comparando com moldar um novo profissional com aquele novo perfil. E o quê a empresa ganha com tudo isso??
- Profissionais mais comprometidos, atuando com extrema excelência e assiduidade – falo isso por observar o show que estes comissários deram nestes voos;
- Profissionais prontos e mais fiéis ao trabalho;
- Aumento extremo da qualidade da mão-de-obra;
- Otimização dos custos, pouca intensidade de treinamento;
Parabéns aos profissionais de RH que saíram do mundo do engessamento e partiram para a rentabilidade de fato da empresa.