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Amazônia teve 62 violações de liberdade de imprensa em dez meses, diz levantamento

n O Observatório de Violações da Liberdade de Imprensa na Amazônia, da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgou que ocorreram 62 casos de viola- ções à liberdade de imprensa na região entre julho de 2022 e maio de 2023.
u Os dados começaram a ser coletados após os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no município de Atalaia do Norte. Do total de 62 viola- ções, foram 32 tentativas de im- pedir coberturas jornalísticas, por
meio de intimidações, hostiliza- ção e danos a equipamentos ou agressões físicas; nove ameaças; cinco ameaças de morte; quatro processos judiciais abusivos ou decisões judiciais arbitrárias; três invasões ou atentados contra a sede de meios de comunicação; um atentado a tiros contra jorna- lista, entre outras violações.
u Mais da metade dos agres- sores são agentes privados, segundo o levantamento. Os perfis mais comuns são ma- nifestantes de extrema direita, crime organizado e empresas
dos ramos de mineração, garimpo, agronegócio e tu- rismo. Os veículos que mais sofreram violações no perí- odo cobrem política, meio ambiente, direitos humanos e segurança pública.
u Os dados foram apresen- tados em 5/6, durante ato pelo transcurso de um ano da morte de Dom e Bruno, organizado por entidades defensoras da liberdade de imprensa, na sede do Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo. u No evento, Artur Romeu, di- retor da RSF, destacou que o as-
sassinato de Dom e Bruno “não é de maneira alguma um caso iso- lado, a gente está falando de um cenário sistêmico, estruturado, de violência contra as vozes que denunciam violações, abusos e destruição da floresta e do meio ambiente e dos povos que vivem na região na Amazônia”. (Leia+)
PF indicia mais dois suspeitos pelo assassinato
n A Polícia Federal indiciou mais dois suspeitos pelo assassinato de Dom Phillips e Bruno Perei- ra: Ruben Villar, o Colômbia, apontado como o mandante do crime, e o pescador ilegal Jânio Freitas de Souza. Os dois foram indiciados por assassinato e ocul- tação de cadáver.
u Segundo reportagem do Fantástico, da Globo, veiculada no domingo (4/6), o trabalho de Dom e Bruno estava sendo mo- nitorado por uma organização criminosa chefiada por Colôm- bia. Ele já havia sido apontado como mandante, mas foi preso em julho do ano passado por falsidade ideológica.
u Colômbia e Amarildo da Cos- ta, o Pelado, um dos assassinos confessos, ficaram na mesma cela durante um período na
prisão. A polícia gravou uma conversa entre os dois, na qual Colômbia pede a Pelado que não diga à polícia que foi ele quem forneceu a munição usada para matar Bruno e Dom.
u Segundo a PF, Colômbia che- fiava uma organização criminosa de uma balsa no Rio Javari, finan- ciando e operando expedições de pesca ilegal. Pelado e Jânio de Souza estavam abaixo dele na organização. Também segundo a PF, os acusados realizaram mais de 400 ligações entre eles ao longo de um ano, antes do crime, na data do ocorrido, e depois do assassinato, indícios que apontam para um crime premeditado.
u Uma coalização formada por mais de 50 jornalistas em dez países criou o Projeto Bruno e
Dom, que tem o objetivo de se- guir com o trabalho e o legado dos dois. A iniciativa é liderada pelo consórcio francês Forbid- den Stories, que dá continuidade ao trabalho de jornalistas mortos em decorrência de seus traba- lhos. Quatro veículos brasileiros integram o grupo. Confira outras iniciativas que darão continuida- de ao trabalho de Dom e Bruno.
Documentário no Globoplay
n Sônia Bridi lançou o docu- mentário Vale dos isolados: o assassinato de Bruno e Dom, pelo Globoplay. A produção relata sua experiência no Vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas, numa expedição for- mada por amigos do indigenista Bruno Pereira, e se desdobra em
informações exclusivas sobre o assassinato dele e do jornalista britânico Dom Phillips, há um ano. Com imagens de Paulo Zero e roteiro de Cristine Kist, mostra cadernos de anotações de Phillips, sua carteira de im- prensa e um celular, encontrados na mata com as últimas fotos de ambos, e uma cena do assassino confesso ameaçando Pereira.