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DIVULGADOS OS NÚMEROS DO TURISMO DE 2016

Em evento realizado em 08 de março, o IPETURIS, sob a encomenda do SINDETUR-SP, divulgou o relatório consolidado do setor do turismo do exercício 2016. Segundo o Prof. Glauber Santos, responsável técnico pela pesquisa, a amostragem foi composta por 819 empresas de até 49 funcionários e traz todos os dados referentes às vendas, empregos, serviços turísticos comercializados, perfil de clientes, longevidade das empresas, com uma margem de erro de 2,4%, portanto extremamente confiável.

 

O relatório apresentado apontou como dado mais significativo um crescimento no setor no volume de vendas de 8,3%, atribuindo às microempresas a maior parcela de aumento (10,6%).

 

Os indicadores também apresentaram alguns aspectos relevantes do setor. Das 22.979 agências de turismo registradas e de acordo com dados do CNAE, RAIS e CAGED, 88% declararam-se Agências de Viagem. O maior número de empresas que representam a totalidade do setor é de Micro e Pequenas Empresas, perfazendo 99,5% da totalidade do setor, restando 0,5% de participação das Grandes Agências de Viagem.  A região Sudeste é a mais significativa na distribuição geográfica, com 50,7% do total de empresas, sendo São Paulo o estado que mais as concentra (30%).

 

Um aspecto importante apresentado e em linha com o momento econômico em que o país atravessa foi a diminuição dos empregos no setor. Houve uma redução de 5,7% do total de empregos do setor, representando 3.771 vagas formais fechadas.

 

A pesquisa também apontou que a emissão de passagens aéreas foi o serviço turístico mais comercializado pelas empresas de agenciamento (41,4%), seguido de pacotes turísticos (33,2%) e hospedagem, com apenas 13,1%. As vendas foram maiores para o setor privado (13,3%) e pessoas físicas (11,5%), sendo atribuída ao setor público a maior queda (-28,1%).

 

Os destinos nacionais lideraram as vendas do setor com 54,2% e internacionais 45,8%. O crescimento foi equânime entre os dois destinos, 8,8% e 8,6% respectivamente.

 

Em linhas gerais, o cenário apresentou otimismo nas expectativas das Agências entre os três primeiros trimestres, porém voltou aos índices de pessimismo no quarto trimestre de 2016.  Já para 2017, os empresários apostam na captação de novos clientes, ações de marketing e promoção e divulgação e comercialização de novos serviços turísticos para a retomada do crescimento.

 

PANORAMA POLÍTICO – PROF. GAUDÊNCIO TORQUATO

 

A segunda parte deste evento contou com a nobre presença do Prof. Gaudêncio Torquato, Prof. Titular da USP, pioneiro no Marketing Político e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o qual apresentou um panorama geral sobre a crise política no Brasil.

 

O Prof. Gaudêncio fundamentou a sua explanação em três perguntas; O Lula será preso? O Governo vai cair? O Brasil sairá do buraco? Sobre estas questões, alguns importantes pontos de reflexão foram colocados.

 

No caso do ex-presidente Lula, a recomendação de cautela ao judiciário sobre a caracterização dos crimes cometidos e de sua prisão foi o ponto central desta explanação, por “tudo o que Lula representa para o Brasil”. Segundo o Prof. Gaudêncio, as crises no Brasil, quando instauradas, são sempre piores e com maiores consequências, muito por conta das mazelas políticas e que, no caso específico desta, partiu desde o “mensalão” e com desdobramentos como a evidência de propinas e de caixa dois. Ficou também subentendida a impunidade dos envolvidos, muito por conta de foros privilegiados, morosidade da justiça, etc. Concluiu ainda que o sistema de corrupção do Brasil é secular e infelizmente está em seu DNA político.

 

Assim, o presidente terá dois destinos claros; sua candidatura à presidência, com apoio maciço da região Nordeste – seu berço eleitoral, ou sua prisão, desde que bem fundamentada e em momento político adequado, para que não haja uma revolução idealista e simbólica no país. Acrescentou que não mais é concebível os políticos contarem com Foro Privilegiado e que os mesmos devem prestar contar contas com transparência ao povo antecipadamente.

 

Já quanto ao governo Temer cair emendando com o Brasil sair do buraco, de acordo com o Prof. Gaudêncio o Brasil encontra-se no momento de crise na democracia representativa. O executivo e o legislativo precisam retomar a confiança do povo para consolidar a retomada do crescimento do país. A divulgação do PIB, em 07 de março já posicionou a crise no passado e que, ao se olhar para o horizonte futuro, a retomada de crescimento já é uma expectativa real para 2017. Em sua opinião, o PIB retomará o superávit na ordem de 1% a 1,5%. Além disso, ratifica que algumas ações governamentais como a reforma trabalhista e da previdência precisam ser realizadas.

 

Na abertura da rodada de perguntas e pertinente ao tema do evento, o Prof. Gaudêncio foi questionado sobre como o governo enxerga o setor do turismo e quais as medidas possíveis para alavancar do setor.

 

Segundo o mesmo, o presidente Michel Temer acredita muito nas possibilidades do setor do turismo como forte aliado em gerar divisas ao país. Porém, o momento econômico do país requer esforços em setores prioritários, tanto econômicos quanto políticos com o objetivo maior de conter a crise e retomar o crescimento.

 

A solução sabiamente sugerida pelo Prof. Gaudêncio é de, por exemplo, o setor utilizar-se dos expedientes dos demais setores que contam apoio do governo. Os grandes líderes do setor do turismo, incluindo turismo, hotelaria, companhias áreas, locadores de veículos, empresas marítimas, parques dentre outros, unirem-se e formularem um plano de ação para alavancar o setor. Este plano, mais do que propor apenas uma política de governo perante a mão de obra turística e em linha com as necessidades do setor, tem o dever de apresentar o quanto o país poderá se beneficiar com este segmento.

 

Foram discutidos entre os participantes os números da exportação turística do Brasil, que são pífios em comparação ao mundo. A exportação turística do Brasil, há mais de trinta anos, não passa de 6 milhões de visitantes, enquanto o Chile, por exemplo, realizou mais de 4 milhões de visitantes no último ano, já a França, na ordem de 80 milhões de visitantes. Portanto, apesar de alguns percalços terem sido colocados, a opinião foi unânime quanto ao potencial de crescimento da atividade turística do Brasil.

 

A ideia central proposta foi uma união do setor para que, em conjunto com o governo federal, sejam propostas soluções em conjunto no intuito de fomentar o aumento das divisas provenientes da atividade turística.